terça-feira, 4 de novembro de 2008

Anjos Caídos - Capítulo I - Apresentações - Parte II

O lixo se acumulava, ratos disputavam comidas com vermes. Disputa inglória, os roedores são sempre superiores. Salvo quando mortos e quando os seres menores tornam-se únicos.
Nesse beco deitada em berço nada esplêndido está Manakel desacordada. Ao lado dela Lúcifer a observar e canta: "Nana nenê, que eu vou te pegar, papai tá no céu e mamãe no seu lugar."
Manakel dispersa ainda confusa:
- Dói muito - sussurra ela.
- É a dor da humanidade que nos causa - Ironiza Lúcifer.
- Veio me receber em tua salvação? - Pergunta Manakel a Lúcifer.
- Não salvo ninguém, Manakel. Eu apenas mostro o nosso mundo.
Manakel senta e abraçada a seus joelhos chora.
- Falhei com meu pai. E em minha desgraça me rebelei e caí.
- Seja bem vinda a turma.
- Não pude acalmar a cólera dos homens...
- Pobre tola - Interrompe Lúcifer ferozmente - Ainda achas que és tua culpa pelas falhas humanas? Que de ti depende a salvação dessas pobres almas?
- O que queres de mim, senhor da mentira?
- Te mostrar a verdade, anjo caído. E que essa doa mais que a dor de ser mortal.
Lúcifer se levanta, estende a mão e diz, agora suavemente.
- Venha! E eu te mostrarei toda a dor, muito que da tua queda.
Na alta tarde o sol se apresenta como refúgio ao frio que teima em percorrer nossas ruas.
Lúcifer, aquele que tráz a luz, inclina-se em direção a Manakel que encostada a latas de lixo parece convidativa à mão que se estende a ela.
-Vamos, Manakel, vamos ver o meu mundo, quero lhe apresentar...

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