quinta-feira, 16 de abril de 2015

AMIGO AMOR...
Eduardo e Lucia conversavam:
- Pois é... Como tu é incrível, inteligente, gosta das mesmas coisas que eu gosto. Impressionante. – Constatou
- É, né? Combinamos tanto - concordou ele.
- Lembrei daquela vez no bar, onde rimos muito. – lembrava ela.
- Verdade... – Eduardo percebe a deixa. Então ele se aproxima dela, começa a acariciar seus cabelos. Lúcia sorri. Ele a segura na cintura para puxá-la ao encontro do seu corpo, e então a frase:
- Somos apenas amigos. – Tasca ela.
- C... Como? Pergunta Eduardo sem entender. Sim, ele tinha lido todas as entrelinhas, todas as deixas, tudo parecia claro, apenas parecia...
- não podemos ser apenas amigos?
- Olha, creio que não. Te acho atraente, bonita, inteligente... – Antes que ele possa concluir...
- Eu também te acho tudo isso, mas...
Então ouve-se um trovão, raios caem do céu em fúria. Surge um homem alto, de barba branca em sua túnica desbotada do tempo e grita, sua voz estrondeante retumba nos tímpanos mais surdos...
- Porra!!! Então tu chora por não encontrar o homem da sua vida e quando ele aparece tu quer ele para seu amigo??? - Grita, enfurecido o homem descendo das nuvens.
- Qu... qu... quem é você? Diz Lucia, atônica, gaguejando.
- Tu não reconheces mais essa barba e esse pano velho que até meu filho preferido já usou?
- N... n... não...
- Sou Deus, caralho!!!
-D... Deus???7
-Para de gaguejar que isso está me irritando...
-Tá... Como assim... Deus?
- Deus, oras! O onipresente, onipotente, inodoro e as vezes insípido. E estou aqui para resolver esse pequeno perrengue.
- Mas você faz isso sempre?
- Você? Grita Deus fuzilando-a coma os olhos!
- Upss, quer dizer... o Senhor...
- Melhor... Tá, vou te confessar que tenho estado meio ausente e algumas vezes faço umas interferências meio que diretas. Faço vcs beberem além da conta, dormir só de roupas íntimas na mesma cama. Mas as vezes vocês se superam. É tanta merda que vocês fazem que as vezes abusam do seu livre arbítrio. Pelo amor a mim, credo!! Vocês são fodas.
- E você decidiu fazer essa interferência justamente conosco? – Pergunta o Eduardo, com um sorriso nos lábios.
- É, mas te aquieta. Tô fazendo uma baita mão para ti. Atééééé conseguir arrumar uma oportunidades para vocês encherem a cara e se beijarem ou dormirem só de roupas íntimas, estarão velhos e broxas. Então tive que fazer uma interferência, digamos mais ortodoxia.
- Legal... – diz Eduardo baixinho para ninguém escutar...
- Eu ouvi isso. Diz Deus apontando para Eduardo que fica corado de vergonha.
- Tá, e como vai ser? – Pergunta Lúcia.
- Como vai ser... qual a palavrinha mágica? Vamos lá, fiz por merecer o título.
- Aff... Como vai ser, Senhor, meu Deus.
-Melhorou... Bom, o processo é simples tu aceita ele na boa, ou te faço uma lobotomia e tu esquece ele como teu amigo e vai sofrer por amor pelo resto da vida.
- Credo... Que dramático...
- Minha filha, já incendiei, lancei praga, já inundei o mundo e até fiz água virar vinho. Vai por mim, é barbadinha te lobotomizar...
- E meu livre arbítrio, onde está?
- Olha só... é sacanagem invocar essa lei...
- Pois eu invoco – Grita ela...
-Veja bem, minha filha – Diz Deus tentando ponderar... Vai por mim, o amor pode estar na tua frente...
- Pode estar, poder não é ser... não sei... prefiro ele como amigo...
- Vem cá, então eu desço lá do meu descanso celestial, com minha trupe de anjos e você vai me ignorar assim?
- Vou...
Cabum!!!! Um raio corta o céu e dá no meio da cabeça dela.
Ela com a maior naturalidade sai andando como se a passeio.
Eduardo dá um pulo para trás de susto
- O que é isso! - Exclama!!
- Apaguei a mente dela. Agora ela não te conhece e você poderá dar em cima dela e ela se apaixonar por ti como deveria ser. 
- Mas eu não quero isso. Quero que ela goste de mim como eu sou...
- Blá, blá, blá... Já ouvi essa história. Não vai rolar... Ela não vai nem te olhar direito como homem... Mulheres são assim, meu filho... Está na frente dela mas ela não enxerga...
- Tá, mas não gosto assim...
- Poutz, olha só. Não tem como voltar, já fiz tá feito. Imagine se eu tivesse que voltar em tudo que eu faço. Não haveria mais dilúvio, o mar não se abriria, etc, etc, etc...
- Mas o que eu faço? Ela tá ali olhando perdidinha...
- É né? Melhor, assim quando ela voltar os olhos para ti vai se apaixonar. 
- Prefiro ao natural.
-Aff!! Porra, tu é um saco, caralho!!! Toma!!!
E outro raio cai na cabeça de Eduardo. Ele também sai caminhando...
Deus a tudo observa sentado no banco.
Passam-se alguns instantes... Eduardo, parece olhar para o celular e não vê uma mulher que se aproxima na mesma direção e que também olhar para o celular. 
Se esbarram.
Os celulares caem no chão e ambos se desconcertam com a situação. Se agacham para pegar batem a cabeça, caem no chão, sorriem uma par outro, se olham.
- Desculpe, 
- Desculpe.
-Não foi nada. Tu passeia sempre por aqui? Pergunta Eduardo
- Sim. Sempre.
- Como nunca te vejo?
- Deve estar prestar atenção mais ao celular.
Ela ri. Ele também.
- Qual é seu nome?
- Lucia. 
- Prazer, Eduardo. Aceita um café?
-Assim direto? Hmmm... Tá...  - Sorri maliciosamente. 
Aquele fora o primeiro dia de muitos que vieram, se apaixonaram ali, tornaram-se felizes e viveram uma vida de boa. 
Deus escreve certo por linhas tortas, mas as vezes ele apela para a caligrafia.