terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre o II Congresso Intenacional de Inovação


O II Congresso Internacional de Inovação criou no seu espaço uma ampla discussão sobre os processos inovadores no mercado econômico, pouco foi discutido sobre inovação social e o papel da sociedade civil organizada no processo de inovação. Percebe-se que ainda há uma tendência clara de pensar inovação somente como mercado econômico, sem pensar nas relações interpessoais que estão surgindo cada vez mais e potencializando o capital humano.
Parece ser consenso que investir na educação como processo para alavancar a inovação nos seus mais diferentes espaços é de fundamental importância, porém segue a questão de como investir e planejar essa área tão estratégica para a inovação. Prossegue as discussões que os incrementos nas pesquisas, principalmente em universidades, passam a ser um viés importante, porém é nesse quesito que existe uma proposta em aberta.
As universidades e instituições de ensino defendem que seus estudos e pesquisas, independente do indivíduo pesquisador, pertencem à universidade, principalmente no que diz respeito às públicas. Da mesma forma, a indústria, advoga que as pesquisas de relevância inovadora devem servir aos interesses do mercado, visto a importância estratégica para o crescimento econômico. O estado, por sua vez tenta regular e mediar essa discussão, e o que tem acontecido é que boa parte das patentes sobre inovação estão ficando cada vez mais para às universidades e instituições de pesquisa, dando-as um poder importante dentro da relação estado, indústria e universidade. Ao que parece a hélice tríplice ainda não alçou vôo devido ao clareamento do papel que tem cada um dos três elementos.
No que diz respeito às pesquisas e patentes por parte do setor público, um exemplo a ser citado é o de biotecnologia. Nessa área, as instituições de pesquisa pública correspondem a 10 vezes mais que a privada e na Europa 23,8% das patentes sobre essas pesquisas são públicas, o que deixa, segundo a observação de alguns industriais, o setor privado refém do estado. Eles entendem que o estado, as universidade e instituições de pesquisa pública devem servir ao interesse privado, sem ônus.
A biotecnologia vem crescendo no vácuo cada vez maior da produção de petróleo que chegou a uma estabilidade de produção e está dando sinais claros de queda. Além do mais, os países ricos e ditos emergentes não se permitem mais ficarem reféns de Estados que concentram maior parte de energia fóssil. Países esses que cotidianamente encontram-se em conflito aumentando a tensão internacional, exemplos disso não faltam, Venezuela, Arábia Saudita, Iraque, etc.
Portanto, a volatilidade do petróleo e falta de capacidade de produção uniforme tornaram-se importantes fatores para a produção de outras alternativas de energia. O Brasil, no investimento em pesquisa com o biodiesel, tem dado mostras importantes nessa direção, porém, a comunidade internacional, apesar de aplaudir os estudos de pesquisa brasileira, afirmam que o biodiesel tem baixo valor energético, e que é necessário desenvolver outros meios de produção com maior valor.
Exemplos como energia eólica e solar ainda são alternativas, mas permanecem sendo de alto custo, sendo que precisam de uma grande área territorial, o que tem tornado, ainda, muito problemático a sua implantação em larga escala.
Ainda, o investimento em mão de obra para pesquisas de energias sustentáveis devem ser o foco dos próximos anos. Mesmo como a queda dos transgênicos na crise da moratória em 1999, o crescimento nas pesquisas sobre biotecnologia tem crescido muito. Porém o investimento ainda é alto e as indústrias, ditas grandes, não tem dado suporte suficiente para investimentos nesse campo, ocasionando uma abertura significativa para empresas de pequeno e médio porte se inserirem fortemente no mercado. Esse alto preço de investimento tem forçado o estado a propor políticas públicas conduzindo para a pesquisa.
Logo, para se ter um desenvolvimento sustentável precisa-se de lastro para ter maior investimento em educação dando prioridade para ciência, tecnologia e inovação, induzindo e fomentando a pesquisa científica e tecnológica. Para tal desenvolvimento é preciso ter recursos financeiros, estrutura compatível, ter trabalhos, centros de pesquisa, empresários e governo trabalhando como hélice tríplice, políticas coerentes com condições de investimentos, legislação moderna e fiscalização por meio de um arcabouço legal ágil e dinâmico. Um exemplo disso são as novas leis e programas estaduais sobre inovação como o Pró – Inovação RS, a lei de Inovação do estado, onde empresas inovadoras terão aproveitamento de desconto no ICMS e por parte do Ministério de Ciência e Tecnologia, a criação da Secretaria Nacional de Inovação e seus desdobramentos.
Para se ter uma sociedade inovadora é preciso a construção do conhecimento tácito para o explícito por meio de cooperação entre sociedade, universidade, empresas, entidades e governo. Dando a todos apoio e observância sobre a educação e a ciência. Como inovar nesse processo? Há um entendimento que é preciso inovar em conhecimento.
Para se ter uma ambiente favorável à inovação é preciso pensar inovação de processos, se incorporar às evoluções que o mercado exige. Para isso é preciso ajustar o comportamento gerencial e estimular atitudes inovadoras. A indústria deve se organizar por meio de inovação e melhorias para se manter no mercado. Acrescenta-se também a uma forma para medir o índice de inovação, incluindo métodos que meçam competência e capacidade para se ajustar. Nesse caminho não é mais possível conciliar juros altos com incentivos a inovação, logo, os desafios da gestão pública estão em resolver tais problemas no entrave para inovação.
O Brasil, apesar de alguns avanços, ainda está aquém do que é posto. No ranking mundial o país encontrar-se em 70ª lugar em IDH e é posição 56ª em competitividade. A taxa de escolaridade também não é animadora, apenas 12% de jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade, e entre 25 à 34 anos cai para 10%. Na área de engenharia, ou seja, infra-estrutura (pesquisa e estudo) apenas 5% da mão de obra está qualificada para o setor.
Também vale lembrar que em 2007 apenas 200 empresas foram beneficiadas pela Lei do Bem (lei de pró – inovação tecnológica na indústria) e em 2008 apenas 34 operações foram contratadas para busca de recursos junto ao FINEP. Demonstrando que o sistema de inovação do país ainda é elitizado, pois somente quem detém as informações e os caminhos conseguem recursos e facilidades, ou seja, somente quem consegue é quem tem um alto poder aquisitivo para contratar pessoas ou consultorias para isso.
Inovação não é o fim, é o meio, por isso devem ser feitas estratégias para massificar o comportamento empresarial em direção a inovação. O estado deve trabalhar com conceitos de governança, gerenciando os processos como agenda estratégica, e tendo a premissa de inovação comportamental.
Na era do conhecimento é preciso definir, principalmente, o papel da universidade. Existe uma corrente que discute a possibilidade de ter cadeiras de empreendedorismo em todos os cursos de graduação, pois por mais que não se empreenda, todos têm que saber seu papel no processo (exemplo clássico do trabalhador que aperta o parafuso e não conhece ou compreende o todo).
O estado deve propor políticas públicas para o setor de inovação e manter a longo prazo tais políticas. A indústria deve estar pronta a inovar nos seus meios de produção. Para isso é necessário investir em uma infra-estrutura nacional, sem a qual não há inovação. Não basta apenas pequenas e médias empresas inovarem de forma isolada, é preciso uma articulação para definir a participação dos elementos sociais, e nesse ponto, a atuação do estado é fundamental.
Por falta de disciplina 96% dos esforços de inovação fracassam. Para inovar é preciso ter princípios, como prestar atenção em novas vozes fora e dentro do meio, incentivar e estimular novas perspectivas (deixar fluir tempestades de idéias), derrubar as ortodoxias nas instituições, colocar-se dentro da cabeça (ex: como a dona de casa pensa, quais suas necessidades, o que ela faz, etc) e pensar na necessidade dos consumidores dentro da cadeia (ex: hospital, do atendimento, ao exame).
Nesse caminho pensar uma política financeira é preciso. Há um apontamento para fundos de capital de risco híbrido, onde estado e indústria assumem seus papéis na produção de inovação. Algumas observações foram levantadas como a não existência de uma distribuição uniforme de recursos financeiros e que a internacionalização da inovação causa desuniformidade na aplicação de crédito.
Mesmo assim, por mais que existam investimentos diferenciados, devido, as capacidades econômicas, a globalização está otimizando as cadeias de valor a nível mundial, deixando menos espaços para iniciativas regionais locais, portanto pensar inovação como processo mundial é de fundamental importância. Mesmo assim, não se devem descartar as diferenças regionais.
Devem-se incorporar as mais recentes tecnologias, adicionando serviços avançados e também fortalecimento no campo global. Podemos dar um exemplo: Se a China vende câmeras de vigilância, por exemplo, outro país, ou região investe no serviço de instalação e vice e versa. Pensar em prestação de serviço ajuda a agregar valor no que é disponibilizado no mercado (refletir em APL’s, ou Clusters de serviços). Ou simplesmente olhar para todo o processo: fabricação – serviços (processamento, personalização e logística).
Por fim, a inovação deve estar nas novas relações entre estado, governo e indústria, como cada um está no processo, quais são as mudanças importantes para que haja melhor interação entre as organizações postas, e qual o papel da sociedade civil organizada nesse processo? Cada elemento deve potencializar sua participação na relação, e modificar-se, transmutar-se para não ficar a reboque do processo evolutivo da inovação. Portanto, urge as universidades se descompartimentalizar e pensar o conhecimento como um todo; o estado deve desburocratizar a fim de tornar-se um agente ágil e moderno frente ao volume cada vez mais crescente de demanda; e a indústria deve modernizar-se, atualizar, passar do papel de mero empregador para o papel de empreendedor de inovação.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Caros Senhores da Vida, Tenham Sangue em Suas Veias

Caros senhores da vida, tenham Sangue nas veias que correm por seus corpos, tenham tino de perceber a notável vida que corre em seus olhos. Um tolo gritava em um seminário sobre a cidade: - Santa Maria é referência em saúde. Outro, mas sábio, respondia: - Para quem tem plano de saúde, sim. E se nossa comparação são outras cidades da região, então não sei qual o parâmetro usado para comparar cidades com cidades, em primeiro lugar porque essas tem um número muito menor de habitantes que nossa cidade e outra é o perfil que tem Santa Maria em comparação com as demais cidades, portanto não confere a realidade que a nossa cidade é referência em saúde.
Tirando o fato desse debate anteriormente citado não ser fictício, o que presenciei recentemente em um hospital público em Santa Maria foi lamentável. Um senhor de 75 anos passou mal bocados para poder marcar uma cirurgia de emergência. Algum desaviadado (sim, desavisado) pode dizer que é muito o número de pacientes e mínimo o número de médicos, mas convenhamos que o trato com o ser humano deve ser no mínimo pré - requisito para a preservação da vida. E isso definitivamente não existe. O senhor que chegou para uma cirurgia às 8 horas da manhã foi liberado às 17 horas para voltar dois dias depois. Ele voltou para entrar na sala de cirurgia e ser dispensado 3 horas depois porque a cirurgia anterior tinha demorado mais do que devia. Resultado, o senhor de 75 anos, meu pai, ainda espera, na fila, um dia ser atendido. Enquanto isso o tempo vai passando, passando, passando.

sábado, 17 de outubro de 2009

Analfabeto Informático

Recentemente deparei-me com um novo (ou talvez nem tanto) fato que vem acontecendo sistematicamente com os usuários da Internet: Estão se esquecendo de como usar a acentuação, 0 uso de letras em determinadas palavras, concordância, pontuação, enfim uma gama de recursos da língua portuguesa que utilizamos cotidianamente na construção de nossos textos seja no Word ou em e-mails.
O que tem acontecido é que esses instrumentos, para a boa utilização da informática, possuem ferramentas de correção que ajudam na formulação do texto. Esses recursos, de certa forma importantes, tem resultado em um fenômeno, no mínimo interessante. Acostumados a correções como do Word ou e-mails, o usuário não mais se preocupa o porque de tal palavra é utilizada de determinada forma. A consequência disso é que na escrita manual, sem os recursos da informática erros grotescos tem acontecido de forma sistemática e corriqueira.
Para exemplificar isso, tomarei um exemplo. Aconteceu em um seminário. No determinado momento do dito seminário, foi pedido que nós nos reuníssemos em grupos, o que aconteceu de forma natural. Não vem ao caso o conteúdo, mas em determinado momento o orientador dos trabalhos pediu para nós escrevermos em flip sharp para posterior apresentação, o que aconteceu foi uma sucessão de erros grossos que comummente não acontecem. Esse exemplo, não é uma exessão, muito antes pelo contrário, tem se tornado comum aos usuários da língua portuguesa.
Uma nova geração de escritores analfabetos informáticos tem surgido. Com o emprego muito mais comum no nosso dia a dia, a utilização de ferramentas de correção tem se tornado uma espécie de muleta cotidiana em nossas vidas.
Soluções? não se avoluma nada no horizonte, na verdade, pelo que tem se percebido é de certa forma a ignorância de tal fato. Espero, sinceramente estar errado, mas é que é preciso rever, nesse ponto, até o ensino da língua portuguesa e de forma profunda. Estudar tal fenômeno propor linhas de soluções para isso.
PS: Nesse texto foram utilizados seis vezes ferramentas de correção. Falta de letra ou uso errado e também a utilização de sinônimos a fim de não acontecer a redundância da palavra.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mundo dos Fragmentos

Outro exercício. Queria saber como está meu fluxo de pensamento e organizá-lo no texto. Portanto, pensei em algo relativo a observação do cotidiano com a idéia de fragmentos.
Vivemos no mundo dos fragmentos. Tudo, absolutamente tudo vemos e trabalhamos de forma fragmentada. O pai não vê mais a família, mas os fragmentos que as compõem disassociados: esposa, filhos, sogras e apêndices. O aluno não vê mais o conhecimento que o invade mente a dentro, mas sim os cálculos, as letras, a música, enfim, tudo aquilo que de forma fragmentada não comportam em sua vida é desfragmentado.

Por ser sua vida em pequenos pedaços, em pequenos espaços temporais devem comportar todas as ações. O amor deve ser rápido. Aqueles de filme, é um olhar, um beijo e viverão felizes para sempre (enquanto o fragmento durar).

O conceito de fragmento, se fossemos estudar as cabeças dos seres humanos dessa terra, certamente encontraríamos lá páginas de Internet, tudo fragmentado em janelas virtuais. Cada livro lido é uma verdade absoluta (sim, senhor, estamos de volta às verdades absolutas), para ser logo em seguida desfragmentado e fragmentizado em outro livro e em outra realidade absoluta.

Por falar em absoluta, vivemos no absolutismo do fragmento. Nele temos tudo que de imediato nos satisfaz. Para que construir, se de uma parte se é de partes que se junta o todo? Porém, esse todo não está sendo percebido e de partes em partes vamos desmontando os nossos eu's, aquilo que faz perceber o quão profundamente enraizado estamos com o todo. Ele está aqui, ali, lá, faz parte da construção do homem. Fragmentados não percebemos qual parte que nos cabe nesse grão de terra.


Fragmentos soltos, desconexos, desapercebidos, desfragmentados.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Exercício de Diálogo

Esse é um exercício de diálogo. A idéia era ver como se desenvolvia o ritmo (o que, particularmente, eu gostei) durante o texto e como eu poderia deixar subentendido algumas situações. Como exercício vale a pena. É bom ver como se desenvolve uma ação por meio de um diálogo. Gostei do resultadoe resolvi publicar aqui com o título de exercício de diálogo.
- Capaz? Jura?

- Juro.

- Que loucura!!

- Verdade, que loucura.

- Não acredito.

- Nem eu acreditva.

- Mas quando?

- Semana passada.

- Onde?

- No estacionamento.

- Capaz? Jura?

- Juro.

- No estacionamento, poxa.

- Pois é. No estacionamento.

- Que horas?

- Altas da madrugada.

- Beiiii

- Pois é. Beiiii...

- Cara, não acredito.

- Tô te dizendo.

- Não, não. Não pode ser.

- Mas digo e repito, foi no estacionamento, altas horas da madrugada. Uma loucura...



A secretária (que escutava a conversa) sai de trás da porta enfurecido.



- Mas de quem? De quem? Não se desenvolvem mais conversas como antigamente.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ausência

Mudanças, quer elas sejam das mais diversas formas, sempre acarretam em transformações, quer elas substanciais ou superficiais (físico). Quando acontece, o importante é que ao passarmos por tais mudanças, saiamos mais fortes, decididos e maduros. Não adianta de nada passar por tudo que passamos se não acrescentamos significativamente isso ao nosso caráter. Por isso acredito que mudar seja uma necessidade de fundamental importância para crescermos.
Dito isso, aqui cabe alguma explicação. Não venho publicando justamente por essas mudanças. Acredito que a organização seja um teor fundamental para quem escreve. E como se sabe, na transformação a cabeça, as idéias estão em fluxo de renovação e o que ocorre com isso é o total desacordo da reorganização mental com a escrita.
Portanto, enquanto me mudo, vou escrevendo essas palavras. Mas digo uma coisa que acho certo, estão para vir escritas minhas que na minha compreensão serão de substancialmente o resultado de tudo isso. Enquanto isso ocorre, tentarei, homericamente, tecer alguns textos que acho significativos para a vida cotidiana de nossa nobre, mas ainda semi-primata humanidade.
Abraços, e me perdoem a ausência.