Então você compra um smartphone novinho em folha. Última geração, com todas as tendências da atualidade. Resolve usar o auto corretor de mensagens para agilizar aquela "dedação" toda que é digitar no wats. Manda a sua primeira mensagem para a aquela gata, linda que você está afim. Pensa na mensagem da seguinte forma:
"Oi, meu amor!!! Saudades por ti."
A mensagem vem meio que imediata.
"Como assim?"
Ele imediatamente pensou em uma mensagem e escreveu:
"Como assim, o que?
Ela, mais que imediatamente respondeu:
"Idiota" e um smile com carinha enfurecida.
Ele, confuso olhou mais uma vez na tela do seu ultra, multi, super smartphone geração plus e leu o que pensava ter escrito, mas:
"Oi, meu abutre!!! Socadas em ti"
"Como sim, o que"
Esboçou com um soco no ar e esbravejando.
- Maldito corretor!!!
Tentou, acalmar e mandou outra mensagem.
"Esse puto do meu corretor automático, desculpe"
Mas lá estava escrito "Esse puro do meu corredor automático, descubra"
Finalmente do outro lado um sorriso.
kkkkkkk. "Desliga essa geringonça". Dizia o texto da menina.
Ele na dúvida, e com medo lançou um smile piscando para ela. Esse não tinha como errar.
Mesmo assim, permaneceu com o corretor, achava mais prático.
Apesar de as vezes lhe causar constrangimentos, geralmente seu corretor fazia correções de forma a tornar a palavra menos agressiva. Ele o traduzia com uma sutileza sem tamanho. palavras como "merda", puta", "vaca"(dependendo do contexto), e "prostituta", eram sumariamente substituídas por "mera, pura, vara, e postulante".
O rapaz até não reclamava muito disso, mas o amor, ah... o amor, esse era complicado. Não tinha, de forma alguma, mesmo soletrando e ensinando ao corretor a palavra amor sempre saía abutre, ou na melhor das hipóteses algumas palavras similares como avon, por exemplo. Sabia o nome de um cosmético, mas saber amar era difícil. Era preferível ser um suave perfume, ou um animal que come carniça do que ter um dos sentimentos mais enobrecidos. Nada de amor.
O corretor, dentro da sua modernidade, segundo o rapaz, veio
configurado com essas novas tendências modernas, o do uso descartável das relações e deixadas a esmo a espera de um abutre que a consiga digerir. E, nessa questão nada melhor do que o
abutre para representar esse novo amor que nasce no coração desses amores carniça.
O amor não estava no vocabulário daquele inóspito e insensível corretor. O amor abutre, assim ficou conhecido, tornou-se uma espécie de comedor de corações abandonados, inóspitos de tanto mal usado. O sentimento nobre, altivo dava lugar para um ser que come o que de resto lhe sobra, os corações apodrecidos.
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